13 de mai. de 2007

Mãe de Fada Carioca


Mãe,

Tantas coisas a ser ditas...

Tanto, tanto a agradecer...

Lembro de sua poções mágicas contra gripe,
Seus fitoterápicos colhidos do jardim medicinal
Que ficava no outro lado da rua, em frente ao nosso portão...
Fonte de cura para nosso clã e para os vizinhos também!
Suas mãos no meu corpo febril, aliviando.

O purê e o bifinho matinal...
Os Bolinhos-de-Chuva, o arroz doce,
A Carne Assada que 'Mãe, tá queimando!",
"- Coloca um pingo d'água no cantinho, menina"

A fritada de batata que ninguém faz igual!
A vara do pé de Brinco-de-Princesa
Retalhando minhas pernas depois das travessuras...

O sal grosso curativo e corretivo para cicatrizar tudo mais rápido...


Ah, mãe!


Lembro da sua bolsa repleta de novidades quando você chegava em casa,
Vinda da Saara...


Os perfumes, as essências de eucalipto, as velas coloridas...
Sabonete Phebo e Polvilho da Granado...


'Começou o Jogo', Papai dizia...

Brinquedos simples de plástico colorido...

Confete e serpentina no carnaval

Cadernos e lápis de cera na volta às aulas...

Roupas baratinhas para usar nas brincadeiras

linha 10m e papel de seda para as pipas nossas de cada dia,
As sadálias de plástico, os panos-de-prato de calendário,
E os aviamentos da Casa Arthur...

Lembro como se fosse hoje:

Nós duas, na primeiro de Março, saltando do 107...


Ali eu descobria outro Mundo Novo:
Meu primeiro passeio em meio a Saara, deslumbrada!

O casario mágico, a tolerância entre os árabes e judeus...
Isso é o que mais me fascinava (e ainda fascina), essa mistura...


Os cheiros, os vendedores e pregoeiros,

As lojas dos sonhos das crianças...


Rua da Alfândega, Avenida Passos, Rua da Conceição,
Largo de São Francisco, Real Gabinete Português,

Casa Cruz, Casa Mattos...

Ouvir a música que vinha das aulas da Escola Villa-Lobos,

Comer um Misto Quente na Manon, um doce na Cavé,

desbravar o Largo da Carioca

Passar pelo Mercado das Flores e sua profusão de cores e beleza...

Enveredar pela Rua Miguel Couto - nossa mini-Broadway,
cortando de viés um centro carioca cheio de romantismo
que está pendurada na parede das lembranças de infância!

Ah...

Descobrir a Marechal Floriano e seus tesouros...
Tomar um Café Capital, é bom!

Cabelos,no Senac do Largo de Santa Rita,

Vislumbrar a História nas prateleiras do Palladino,
Uma Sardinha frita no Ocidental para esperar a volta para casa...

O Cordão do Bola Preta, e seu carnaval-família...

Você me ensinou a andar e a descobrir o charme do Centro do Rio!

Lançou o seu Pó de Pirlimpimpim no meu espírito!

Ah, mãe...

Quantas memórias, quantas descobertas eu fiz...


Ao nascer a minha Fadinha, descobri o melhor...


Esta entrega e esta candura, esta dureza maternal..
É dom genético e mágico!
Tem nome e sobrenome, chama-se Mãe Linda e Alva.

Força especial, cheia de fulgor nas atitudes,
Fragilidade nas perdas e consolo nas horas mais incríveis.


Grata, Mãe por me fazer uma Fada moderna, forte e doce como você

Hoje sou uma mãe-fada com magia e com responsabilidade,
Mas que sabe quem é a Fonte dos meus dons.


Minha Estrela Dalva, que sempre brilhará na nossa constelação
Com um rastro de amor com Luz de alegria,
De Eterna Magia, aglutinando seus filhotes no Universo!


Maínha, Tu és a Gloriosa!

4 comentários:

Ana Brum disse...

Olá Tia Lolô!
Hoje que li com mais calma sua homenagem a Vó Lindalva.
belas e boas lembranças, hein?!
Adorei tinha cosia que nem sabia que minha avó fazia.Bem legal!Adorei!
Beijos mil.

Ana Nogueira Fernandes disse...

Que liiindo.

*ps: desbravando blogs desconhecidos.

Anônimo disse...

Lolozinha,
Tão bom quando temos vívidos esses fragmentos da infância, né? Dia desses lembrei de quando a Mamãe nos levava para o hospital Fernandes Figueira, logo pelo início da manhã, crianças em penca.
E o que dizer das varadas nas pernas. Ainda doem. Um beijo.

Anônimo disse...

lolo, tudo o que voce viveu, eu vivi com muito mais intensidade.minhas lembranças estão sempre me reportando á minha infancia e adolescencia.feliz de quem , como eu, voce e nossos irmãos teve a infancia que vivemos.a gente passava dificuldade, levava varadas, que a gente merecia, mas eramos felizes. eu aprontava todas. A mamãe à noite contava os filhos e eu sempre estava na rua. mas valeu,eu, tu e eles, nossos irmãos, com certeza vamos sempre lembrar disso tudo com muito amor e saudade. um grande beijo da sua irmã madrasta luzia.