11 de jan. de 2007

História de Aracaju

No início deste século Aracaju mais parecia um povoado que uma cidade capital. Em 1900 e 1910 os elementos característicos de urbanidade ainda não estão presentes, mesmo no centro, onde se instala os poderes político-administrativo-religiosos.

A resolução do presidente da Província, Ignácio Barbosa, que no dia 17 de março de 1855 elevou o povoado de Santo Antônio de Aracaju à soberba de cidade e capital, não teve impacto imediato na fisionomia local. Mas é a partir daí que o núcleo primordial da cidade se desloca do Alto da Colina de Santo Antônio e desce para as margens do rio Sergipe, desenvolvendo-se na área compreendida entre a praça Fausto Cardoso e a praça General Valadão.

Cerca de vinte anos depois, em torno da Igreja Catedral vamos encontrar várias construções onde os prédios públicos se erguem nas praças Fausto Cardoso, Guilherme de Campos e Olympio Campos. Numa área estreita, entre os prédios da Assembléia e o Palácio do Governo, se planta o Jardim Olympio Campos. Nos canteiros, nasce o 1º coreto de Aracaju, onde por anos felizes as famílias da capital (e vindas do interior) participaram de retretas e quermesses. Dois prédios que fazem a cara de Aracaju se erguem no quarteirão da praça Fausto Cardoso: a sede da Delegacia Fiscal e da Intendência Municipal. Enquanto que na praça da Matriz já existia, desde o final do século passado, o palacete do Tribunal de Relação, construído nos moldes do ecletismo neoclássico.

As casas de moradores dos quarteirões dessas duas praças eram construções simples, residências com telhados de duas águas, portas e janelas com platimbandas ornadas por beirais. Estamos falando do tempo em que a iluminação era feita a querosene, com lampiões, exceto para alta burguesia, que tinha o privilégio de gás acetileno.

No final da década, a rua larga da praça do Palácio foi revestida de pedras calcárias, que ainda hoje sustentam nossos pés na história centenária de Aracaju.

Em 1911 e 1920 Aracaju já se impõe como maior centro urbano do Estado e a cidade mais industrializada de Sergipe, confirmando a visão política-administrativa de Ignácio Barbosa. João Fogueteiro, lá da antiga capital, São Cristóvão, foi vendo a sua pólvora mofar sem motivo para o fogueteiro de retorno da capital, - foi daí que veio o nome de João Bebe Água? Não, mas aí é outra história.

É na segunda década do século vinte que os governantes se preocuparam com o aspecto urbano e isso se configura num ordenamento espacial mais condizente com as novas necessidades. A modernização implica em obras de infra-estrutura para o abastecimento de água, esgotos, energia elétrica, rede telefônica, rede urbana de transporte coletivos, isso tendo que manter o embelezamento das praças e ajardinamentos.

Assim é que em 1912 a praça Fausto Cardoso recebe um monumento em homenagem a esse grande líder político, plantando-se novos jardins com dois coretos em estilo art-noveau, orgulho dos sergipanos que dali fizeram palco para retretas e manifestações cívicas.

Outro monumento se ergue quatro anos depois, em 1916, na praça Olympio Campos com a estátua do Monsenhor, com um pequeno jardim em torno. Depois vieram as mudas de oizeteiros do Horto Florestal do Rio de Janeiro para arborização desta praça que o aracajuano está acostumado a chamar de Parque. Onde, no começo da década, em 1911, foi construído um prédio para funcionar a Escola Normal e Escola Modelo, hoje Centro de Turismo transformado em Rua 24 Horas.

Na face leste da cidade, onde o antigo prédio do Atheneu pedia reforma para comportar maior número de alunos, recebeu nos meados desta década um segundo pavimento, passando do estilo neoclássico para o eclético. Depois estabeleceu-se no local a Biblioteca Pública do Estado.

As grandes transformações urbanísticas aconteceram em torno das comemorações do primeiro Centenário da Independência de Sergipe, quando a Intendência associou-se ao Estado para um melhor tratamento urbanístico de Aracaju, por volta de 1920.

Foi nesse contexto que a praça Fausto Cardoso passou por uma grande reforma, sendo então arborizada com figos-benjamim, (as palmeiras imperiais já estavam lá), atualização das fachadas dos prédios, passando então a predominar o estilo eclético, nessa onda de modernidade o Palácio do Governo sofreu (literalmente) uma reforma que se notabilizou pelo exagero decorativo de suas fachadas e platimbanda.

O ápice dessa onde de modernização é antigo, entre 1921 e 1930, quando o antigo coreto da praça Almirante Cardoso dá lugar à instalação de um mictório público, possibilitando a permanência das pessoas mais tempo longe de casa ao tempo em que implantava uma política sanitarista introduzindo medidas higiênicas apelando para a colaboração dos cidadãos para uma cidade mais limpa. É aí que a praça Olympio Campos recebe o tratamento de Parque (Teófilo Dantas), com vários recursos urbanísticos, com uma gruta (diziam que no interior da gruta produzia minerais, estalactites e estalagmites); a Cascatinha, de onde nascia um regato por onde as crianças de então botavam para navegar seus barquinhos de papel. Foi construído um aquário (onde hoje está a Galeria de Arte Álvaro Santos) que na entrada do pavilhão exibia vitrines com peixes nunca vistos - tinha até peixe empalhado. Uma parte do Parque abrigava uma taba com a escultura metálica de dois índios circundados por quadro evocativo da primitiva selva, um recanto selvagem com plantas da Mata Atlântica. O lago das Ninfas já evocava a Mitologia. Theófilo Dantas caprichou em todos os detalhes ao tempo em que trouxe o maior benefício, que foi a eliminação definitiva do problema de enchacamento que a praça tinha. A inauguração do Parque Theófilo Dantas, em 1828, foi um marco de visão administrativa que agradou toda a população.

Na praça Fausto Cardoso, os antigos coretos de ferro e madeira (Art-Noveau) são substituídos pela alvenaria de inspiração eclética, transformando as características estética da praça.

E na década seguinte, entre 1931 e 1940, que o crescimento de Aracaju se desloca para a zona oeste, com o surgimento da ferrovia e o decréscimo dos serviços urbanos (em conseqüência da crise econômica que o Estado então enfrenta). Afora a reforma da Catedral (início em 1936 e término 10 anos depois), a construção de um novo prédio para a Biblioteca Pública do Estado (Art Décor) e a reforma do prédio antigo da Biblioteca, que teve a estrutura mantida mas perdeu seus belos elementos formais e ornamentais, passando a Diretoria de Finanças do Estado (até 1958), esta é uma fase que pouco acrescenta ao perfil já moldado de Aracaju.

Com 150 anos, Aracaju ainda guarda uma boa memória do tempo de formação da capital; sendo fundamental a preservação dos prédios e monumentos que fazem nosso patrimônio público.

Aspectos Geográficos:

.População
Ocupando uma área de 181,8 Km2, Aracaju conta atualmente com uma população de 460.898 habitantes segundo os dados preliminares do censo 2000 do IBGE, com uma densidade demográfica de 2.535,19 hab/km2.

Limites
De acordo com a Lei nº 554 de 06 de fevereiro de 1954-Anexo II publicado em 14.12.1954 D.º, o município de Aracaju, limita-se com os municípios de São Cristovão, Nossa Senhora do Socorro e Santo Amaro das Brotas.

Clima
Precipitação média anual (um): 1.590
Temperatura média anual(C): 26,00
Período Chuvoso: Março a Agosto
Tipo Climático: Megatérmico úmido e Sub- úmido com moderada deficiência no verão.

Solos
Solos indiscriminados de mangue. Podsol. Areias Quartzosas marinha. Podzólico vermelho amarelo. Glay pouco úmido.

Vegetação
Campos limpos e sujos e vegetação higrófilas (Campos de vázeas e manguesais).

Geomorfologia
Planície Flúvio marinha e Planície marinha. Relevo dessecado do tipo colina. Aprofundamento de drenagem muito fraca e extensão de suas formas.

Geologia
Coberturas Fonerozóicas
Quaternário: QT1, QT2, QPM, QFL
Terciário: TB

Ocorrências Minerais
Areia, Argila, Petróleo, Sais de Potássio, Magnésio, Salgema, Calcário, Granito.

Bacias Hidrográficas e Principais Manguezais
Bacia do Rio Sergipe e Vasa Barris
Rio do Sal, Rio Poxim, Rio Pitanga e Canal de Santa Maria

Áreas de Preservação
Mangues e Restinga
A.P.A do Morro do Urubú
Espaços ambientais juridicamente protegidos para uso público

2 comentários:

Anônimo disse...

Profª Fadinha, saudades d'ocê.

:-)

Fada disse...

Também, também...